quarta-feira, 29 de outubro de 2008
As pessoas, em geral, gostam de falar de si próprias, de seus sonhos e realizações, mas nunca de seus “micos”. Aquelas que acreditam em reencarnação sempre dizem que foram reis, imperatrizes em outras eras e nunca escravos, serviçais, etc. Penso que isso é meio freudiano. É o alterego falando mais alto...
Por me sentir mais maduro nesta altura da vida e por não ser piegas, prefiro chamar minhas mancadas de gafe, isso mesmo, gafe, mas, à francesa. Cometi algumas como protagonista ou coadjuvante ao longo da vida, mas as que aconteceram na minha primeira das cinco vezes que fui ao Rio de Janeiro são inesquecíveis, hilariantes e impagáveis. Por isso, resolvi registrá-las para compartilhá-las com você.
A primeira aconteceu logo na chegada ao Rio, no meu primeiro contato com o mar. Vi parte daquela imensidão azul do início de uma rua transversal à Nossa Senhora de Copacabana, que fica paralelo à praia. A ilusão de ótica deu-me a sensação de que o mar estava invadindo a terra. Foi terrível.
O primeiro banho de mar também seria cômico se não tivesse sido trágico. Passei horas observando o movimento das ondas para ver o comportamento das pessoas e, só então resolvi sair correndo da areia para entrar na água. Cheguei no momento errado. O “caldo” resultou em joelhos esfolados e a barriga, nariz, olhos e ouvidos cheios de água salgada. Pra sair da água foi aquele sufoco. Estava totalmente grogue.
Outro drama foi vivido na volta para o hotel onde eu estava hospedado. Ao sair da praia perguntei para um malandro tipicamente carioca. Você sabe como eu faço para chegar ao bairro do Flamengo? Ele (com ar de deboche): “Lamento. Só amanhã, porque faltam 5 para as 5 horas e o túnel já fechou”. Na inocência, pureza e imbecilidade dos meus 17 anos acreditei e só fui me tocar que túneis não fecham depois de bastante tempo.
No dia seguinte, dentro de uma lanchonete grande, mas estreita, fui abordado efusivamente por uma pessoa que adentrava ao recinto. Antes de fazer qualquer manifesto à saudação, fiquei pensando: estou recém-chegado e não conheço ninguém aqui nesta cidade, portanto, quem será esse cidadão? Para não decepcioná-lo, resolvi levantar-me e, com um sorriso amarelo, aproximei-me para dar-lhe um abraço. Da forma mais grosseira possível, ele disse: dá licença companheiro, sai da frente porque quero falar com meu amigo aí que está atrás de você! Confesso: queria ser avestruz para colocar minha cabeça no primeiro buraco.
Bem, estas não foram as únicas gafes cometidas nessa viagem. Mas, as outras, você só ficará sabendo quando eu resolver contá-las num livro que estou pretendendo escrever com minhas adoráveis e, às vezes, cruéis reminiscências. Até.