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Sou jornalista, com registro profissional desde 1995, e professor de História, com mestrado, desde 1986.
Sou graduado em Brasília (DF), onde vivi a maior parte da minha vida. No Acre, vivi de 1993 a março de 2009, atuando como professor em diversas instituições de ensimo médio e superior e na maioria dos veículos de comunicação, exercendo as funções de locutor, apresentador, repórter e chefe de redação. Atualmente resido em Catalão (GO), minha terra natal, e trabalho como jornalista free lancer.
Este blog foi criado preferencialmente para minhas elocubrações jornalísticas e literárias, sobretudo, as crônicas, estilo que aprecio e que vejo como forma concreta de manifestar, como diria o pensador Ortega Y Gasset, o meu eu, minha circunstância e meu tempo.

Reminiscências

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

As pessoas, em geral, gostam de falar de si próprias, de seus sonhos e realizações, mas nunca de seus “micos”. Aquelas que acreditam em reencarnação sempre dizem que foram reis, imperatrizes em outras eras e nunca escravos, serviçais, etc. Penso que isso é meio freudiano. É o alterego falando mais alto...
Por me sentir mais maduro nesta altura da vida e por não ser piegas, prefiro chamar minhas mancadas de gafe, isso mesmo, gafe, mas, à francesa. Cometi algumas como protagonista ou coadjuvante ao longo da vida, mas as que aconteceram na minha primeira das cinco vezes que fui ao Rio de Janeiro são inesquecíveis, hilariantes e impagáveis. Por isso, resolvi registrá-las para compartilhá-las com você.
A primeira aconteceu logo na chegada ao Rio, no meu primeiro contato com o mar. Vi parte daquela imensidão azul do início de uma rua transversal à Nossa Senhora de Copacabana, que fica paralelo à praia. A ilusão de ótica deu-me a sensação de que o mar estava invadindo a terra. Foi terrível.
O primeiro banho de mar também seria cômico se não tivesse sido trágico. Passei horas observando o movimento das ondas para ver o comportamento das pessoas e, só então resolvi sair correndo da areia para entrar na água. Cheguei no momento errado. O “caldo” resultou em joelhos esfolados e a barriga, nariz, olhos e ouvidos cheios de água salgada. Pra sair da água foi aquele sufoco. Estava totalmente grogue.
Outro drama foi vivido na volta para o hotel onde eu estava hospedado. Ao sair da praia perguntei para um malandro tipicamente carioca. Você sabe como eu faço para chegar ao bairro do Flamengo? Ele (com ar de deboche): “Lamento. Só amanhã, porque faltam 5 para as 5 horas e o túnel já fechou”. Na inocência, pureza e imbecilidade dos meus 17 anos acreditei e só fui me tocar que túneis não fecham depois de bastante tempo.
No dia seguinte, dentro de uma lanchonete grande, mas estreita, fui abordado efusivamente por uma pessoa que adentrava ao recinto. Antes de fazer qualquer manifesto à saudação, fiquei pensando: estou recém-chegado e não conheço ninguém aqui nesta cidade, portanto, quem será esse cidadão? Para não decepcioná-lo, resolvi levantar-me e, com um sorriso amarelo, aproximei-me para dar-lhe um abraço. Da forma mais grosseira possível, ele disse: dá licença companheiro, sai da frente porque quero falar com meu amigo aí que está atrás de você! Confesso: queria ser avestruz para colocar minha cabeça no primeiro buraco.
Bem, estas não foram as únicas gafes cometidas nessa viagem. Mas, as outras, você só ficará sabendo quando eu resolver contá-las num livro que estou pretendendo escrever com minhas adoráveis e, às vezes, cruéis reminiscências. Até.

Algumas mazelas desta cidade

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Como repórter, escrevo diariamente com o compromisso de ser fiel e o mais imparcial possível no relato dos fatos. De acordo com o Artigo 3º do Capítulo II (Da conduta profissional) do Código de Ética dos Jornalistas, tenho que levar em conta também que minha atividade tem grande responsabilidade social.
Partindo desta premissa, sinto-me na obrigação de denunciar certas mazelas da sociedade - que incomodam a maioria de seus integrantes -, mas que poderiam ser minimizadas com interesse e boa vontade de quem as promove. Um desses desserviços (denunciados por um colega jornalista e que resultou no pedido da “cabeça” dele) refere-se ao péssimo atendimento na portaria da Colônia Penal, seja ele prestado a profissionais ou a visitantes. Lá, se recorre à regra: dois pesos, duas medidas. Sem muito critério, uns entram e outros não.
Outra mazela se refere ao descaso das empresas telefônicas em relação às regiões mais pobres e distantes do país. Ao discar para o serviço de informações da companhia, no intuito de saber, por exemplo, o número do Palácio Rio Branco, além de ter que esperar a voz eletrônica terminar, as desinformadas telefonistas de outros distantes estados perguntam: “de que cidade?”. É simplesmente aviltante.
Quem pensa a Educação neste país vive dizendo que o fosso abissal existente entre a “academia” e a sociedade deve diminuir. A Ufac foi fundada nos anos 60. Só no Departamento de Ciências Sociais, desde 1995 existem pelo menos 100 teses acadêmicas de relevante interesse para o Acre, a Amazônia e o restante do país. Pergunto: alguém não envolvido no meio universitário conhece alguma dessas teses?
E a televisão aberta? Quando vão deixar de nivelar (por baixo) a programação local nos mesmos horários, com programas semelhantes em canais diferentes?
Por fim, para não ser muito chato e xiita, gostaria de saber quando essa “ruma” de ong´s vai começar a se insurgir contra os famigerados sacos plásticos e sugerir a reprodução de sacolas de papel, que já estão sendo largamente utilizadas pelos supermercados de outras grandes cidades? O inverno está aí e eles tendem a se proliferar cada vez mais. Vale a pena refletir sobre tudo isso...

Em busca de um novo mote

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Quando a Frente Popular começou a deter o poder político no Acre, opositores e analistas políticos preconizaram que, mais cedo ou mais tarde, inevitavelmente, essa hegemonia tenderia a se esfacelar. Em Rio Branco, no âmbito da Câmara Municipal, apesar da esmagadora vitória da Frente Popular, esse processo já começou a se desencadear.
A Frente ganha em superioridade numérica (11 x 3), mas perde em representatividade. Sem desmerecer os eleitos, com alguma exceção, a próxima legislatura deve se caracterizar pela ausência dos representantes dos socialistas, ambientalistas, das mulheres engajadas, dos sindicatos, associações, enfim, dos movimentos sociais e de pessoas a eles relacionadas que possam exercer a verdadeira função social em defesa da sociedade civil, seja ela organizada ou não.
Lá, vai fazer falta um Germano, uma Maria Antonia, um Márcio Batista. O Cabide, depois de anos de tentativas e dos votos de protesto contra o poderio econômico de alguns candidatos, mostra a possibilidade de ascensão do sistema democrático, mas insufla no eleitor o receio de manipulação política e de retrocesso no avanço das forças progressistas.
Apesar de estarem sob o manto da “esquerda”, alguns dos eleitos neste pleito são, sub-reptciamente, defensores dos seculares interesses das elites. Parte deles ou chegou lá para defender interesses pessoais ou de grupo. Dentre os mais votados, estão os representantes das igrejas evangélicas que, cada vez mais, assumem postura menos religiosa que política.
O racha ideológico e a direitização da Frente, ao meu ver, é reflexo do inchaço, da assimilação de correntes pouco ortodoxas e de manobras internas. A eleição do Cabide é apenas o elemento mais frágil dessa história. A direita se infiltrando, de maneira simbiótica, na esquerda é que preocupa. Então, diante deste quadro, o que resta é a busca de um mote, de um novo paradigma que norteie os rumos do parlamento municipal e que não deixe no limbo da história os avanços da curta mas rica trajetória de conquistas democráticas e progressista do povo acreano.

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